O Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira)identificou inconsistências nas notas de 5.974 participantes do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) 2019, o que representa 0,15% do total de presentes (3,9 milhões).
Os resultados foram atualizados na tarde desta segunda-feira (20), na Página do Participante e no aplicativo do Enem. Com isso, a abertura do Sisu (Sistema de Seleção Unificada) está confirmada para esta terça-feira (21), e o prazo para inscrição será estendido até o próximo domingo (26). O resultado do Sisu sairá no dia 28.
Os casos se concentram em quatro municípios: Viçosa, Ituiutaba e Iturama, em Minas Gerais; e Alagoinhas, na Bahia. A discrepância entre o número de acertos e a nota divulgada inicialmente é consequência de uma associação equivocada entre a cor do Caderno de Questões e o gabarito correspondente. Não houve alteração nas notas da redação.O presidente do Inep, Alexandre Lopes, apresentou um balanço do processo de revisão durante coletiva de imprensa na sede da autarquia, em Brasília. “Ao tomar conhecimento da inconsistência, atuamos com transparência e agilidade. Acionamos, imediatamente, a gráfica e o consórcio aplicador para identificação da origem do ocorrido. Montamos uma força-tarefa para que todas as providências fossem tomadas sem prejuízo a qualquer participante e ao cronograma do Sisu”, afirmou.
Força-tarefa
O Inep teve conhecimento da inconsistência no mesmo dia em que divulgou os resultados, segundo assessoria de imprensa. Já na noite de sexta-feira (17), foi instaurada uma força-tarefa com servidores e colaboradores do Inep, do consórcio aplicador e da gráfica. Cerca de 300 pessoas atuaram no sábado e no domingo para revisão da base de dados, seguindo processos e parâmetros estatísticos.Além da força-tarefa, foi criado um e-mail (enem2019@inep.gov.br) para registro de demandas por revisão das notas, que ficou disponível durante todo o fim de semana, até 10h desta segunda, e contabilizou cerca de 172 mil mensagens. O Inep recebeu, ainda, manifestações pelo telefone 0800 616161. Todas as provas dos 3,9 milhões de participantes foram analisadas.
Correção
A Teoria de Resposta ao Item (TRI) permite que edições diferentes do exame sejam comparáveis. Nessa metodologia, consagrada mundialmente e adotada pelo Enem desde 2009, o cálculo das notas não é feito pela simples soma do número de questões acertadas, mas existe uma relação entre o número de acertos e a nota calculada. A TRI mede a coerência das respostas. Se o participante acerta uma questão que exige conhecimento complexo, é esperado que ele acerte questões mais fáceis também.
A TRI determina os parâmetros que medem o conhecimento do participante em cada item: discriminação (o que sabe e o que não sabe), dificuldade e acerto casual. Esses parâmetros são obtidos durante a etapa de pré-teste dos itens. Depois da aplicação do exame, é feita a validação dos parâmetros fixados no pré-teste. Nessa análise, o Inep utiliza uma amostra de resultados, que, em 2019, não foi impactada pelas inconsistências ocorridas.Redação
A TRI não é utilizada para a correção da redação. Os textos sem identificação são avaliados por dois professores em uma plataforma on-line, sem que um saiba a nota atribuída pelo outro. Se a discrepância das notas for superior a 100 pontos no total, ou 80 pontos em uma das cinco competências avaliadas, um terceiro professor faz a correção. A nota final da redação é a média aritmética das duas notas totais que mais se aproximam. Esse modelo de correção da redação, portanto, já pressupõe uma revisão entre notas muito diferentes.
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