Morre Pelé, o Rei do Futebol, aos 82 anos

Maior jogador de todos os tempos lutava contra um câncer de cólon

Morre Pelé, o Rei do Futebol, aos 82 anos

Edson Arantes do Nascimento morreu nesta quinta-feira, aos 82 anos. Filho de Celeste e João Ramos (apelidado de Dondinho), pai de Edinho, Flávia, Sandra, Kelly, Joshua, Celeste e Jennifer, avô de Octávio e Gabriel, Pelé estava internado havia 30 dias e não resistiu às complicações decorrentes de um câncer de cólon.

Edson nasceu em Três Corações, no interior mineiro. Ainda na infância, mudou-se para Bauru. Lá, passou seus primeiros anos jogando bola pelas ruas, até chegar a Santos. Depois de atingir sucesso profissional, administrou uma empresa de eventos. Manteve boa saúde até começar a sentir dores abdominais e ser internado com alguma frequência a partir do final de 2014.

Pelé surgiu em Santos — cidade que mudaria sua vida e o mundo a partir dos anos 1950. Aos 17 anos, teve sua primeira convocação para a Seleção. Com esta idade, disputou, ganhou e foi protagonista da Copa do Mundo de 1958, na Suécia. Entrou no time comandado por Vicente Feola nas quartas de final, ao lado de Garrincha (juntos, aliás, jamais perderam um só jogo pelo time nacional). Fez gol contra França, contra País de Gales e contra os donos da casa. E já, naquela idade, foi chamado pela primeira vez por um nome que seria (ou será) conhecido enquanto existir vida na Terra: Rei.

Edson, no ano anterior, ainda Pilé, esteve no Rio Grande do Sul em uma excursão do Santos. Em uma tarde, precisou passar em uma farmácia, em Porto Alegre. Foi uma das últimas vezes que Pelé caminhou pelas ruas sem ser interpelado.

Pelé foi bicampeão mundial em 1962. Bicampeão mesmo. Conquistou dois mundiais no mesmo ano. Pela Seleção, marcou gol na primeira partida da Copa do Chile. Depois, Edson se machucou e assistiu a seus colegas levantarem a Jules Rimet. Pelo Santos, foi protagonista da decisão contra o Benfica de Eusébio, fazendo cinco gols nas duas partidas, uma no Maracanã outra no Estádio da Luz, em Lisboa.

Edson, no ano seguinte, estava machucado nas duas partidas finais do Santos contra o Milan de Amarildo e Mazola. Mas Pelé havia marcado duas vezes no jogo de ida, na Itália, e ajudado o time paulista a levar o bi, o quarto campeonato mundial do camisa 10.

Em 1970, Pelé, no México, tornou-se pentacampeão mundial. E tri de Copas. Ninguém mais conseguiu atingir este feito.

Seis anos antes, Edson, teve Sandra Regina. Uma moça com todas as suas feições e até voz semelhantes. E que jamais reconheceu como filha.

Pelé, em novembro de 1969, atingiu um feito poucas vezes igualado. Depois de converter um pênalti sobre o goleiro Andrada, do Vasco, alcançou seu milésimo gol (de 1.232 registrados em 1.314 jogos). Na comemoração, pediu que todos cuidassem das crianças do Brasil.

Pelé, um notável goleador, também ficou conhecido pelos lances em que a bola não entrou. Na Copa de 1970, no jogo contra a Inglaterra, obrigou o goleiro Banks a fazer o que foi considerado pela Fifa como a mais difícil defesa da história do futebol. No mesmo Mundial, imortalizou lances que não foram gols, como o drible de corpo sobre Mazurkiewicz ou chute do meio do campo contra a Tchecoslováquia. Em ambos, a bola passou a centímetros da trave.

Edson deixou os gramados em 1977. A esta altura, Pelé havia sido transferido para o Cosmos, com o objetivo de popularizar o futebol nos Estados Unidos.

Pelé, então, virou um adjetivo. Quando alguém é incontestavelmente o melhor em sua área, é chamado de Pelé. Por exemplo: Michael Jordan é o Pelé do basquete. Jimi Hendrix é o Pelé da guitarra elétrica.

Edson assinou contratos milionários para uso de sua imagem, envolveu-se em polêmicas com outros jogadores e foi criticado por ter se posicionado poucas vezes em questões importantes, como a luta contra racismo.

Pelé foi eleito, nos anos 1980, o Atleta do Século. Virou hors-concours em premiações como a Bola de Prata da Revista Placar e o Ballon d'Or da Fifa. Em diversas pesquisas, seu rosto acabou sendo o mais reconhecido em todas as partes do mundo, superando líderes políticos e religiosos. Ganhou a condecoração máxima da família real inglesa — na prática foi um rei admirando outro rei.

Pelé foi convidado para atuar em filmes, cantar e escrever. Mas seu talento maior era para o futebol. Por isso, deixou que Edson tentasse a carreira artística longe da bola. Inclusive na política.

Edson foi ministro dos Esportes, no governo Fernando Henrique Cardoso. Sua passagem ficou marcada pela criação de uma lei que homenageava Pelé. Ela revolucionou o futebol brasileiro, para o bem e para o mal.

Graças à história de Pelé, Edson foi comentarista de futebol. E, quando ficava nervoso diante das câmeras, repetia palavras. A mais conhecida — e imitada — foi "entende?", que fazia ao final de cada sentença.

Pelé foi chamado de extraterrestre por Di Stéfano. O argentino considera impossível compará-lo a qualquer outro jogador de futebol que tenha surgido.

Edson foi casado três vezes. A primeira mulher foi Rosi, com quem teve três filhos. Com Assíria, mais dois. Ainda deixou outros dois herdeiros, frutos de outros relacionamentos. Sua vida romântica tem ainda tem um relacionamento com a apresentadora de TV Xuxa. Desde 2016, estava casado com a empresária Márcia Cibele Aoki.

Pelé interrompeu uma guerra. Ao menos é o que diz a lenda. Durante uma excursão do Santos na África, houve um acordo de cessar-fogo entre os grupos que conduziam uma batalha civil. Ela se estenderia enquanto o time brasileiro estivesse no território. A disputa só recomeçaria depois que o avião levantasse voo.

Pelé é também protagonista de outra lenda, cujas testemunhas são o narrador Galvão Bueno e o comentarista Juca Kfouri. Os dois juram que, durante um jantar na casa de um político mexicano, em 1986, um menino de dois anos, ao olhar para Pelé, perguntou: "Onde está a bola?". Incrédulos, os dois passaram a acreditar que, na verdade, todo mundo nasce já sabendo quem é Pelé.

Pelé é eterno.

 

 

Fonte: Rafael Diverio / GauchaZH

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