Como as “ilhas de calor” deixam as cidades de SC mais quentes.

Estudo mostra o efeito da urbanização na temperatura; em Joinville, impacto pode ser de até 3°C.

Como as “ilhas de calor” deixam as cidades de SC mais quentes.
Um estudo realizado por um pesquisador da Epagri/Ciram mostra o impacto das “ilhas de calor” em três grandes cidades de Santa Catarina. Este é um fenômeno que faz as temperaturas serem mais elevadas em áreas urbanizadas e com maior ação do ser humano sobre a natureza.
Os dados foram obtidos por meio de satélites e, em seguida, calculadas as médias históricas de temperatura dos últimos 20 anos nos centros urbanos de Florianópolis, Itajaí e Joinville, além das áreas ao redor dos municípios.
Os resultados mostraram que a temperatura em Joinville durante o verão pode atingir até 3°C a mais do que no território do seu entorno, como a área rural. Em Itajaí, o número pode chegar até 2,8°C, enquanto Florianópolis fica até 1,5°C mais quente na parte urbanizada da cidade.
Essa diferença também é registrada em outras estações do ano, como no inverno, em que a temperatura fica até 1,5°C mais quente na parte urbanizada de Joinville, por exemplo.
Segundo o pesquisador Kleber Trabaquini, que atua no sensoriamento remoto da Epagri/Ciram, as regiões florestais notadamente têm climas mais amenos, mas o estudo ajuda a demonstrar o fenômeno de forma física e espacial.
- A radiação eletromagnética que o sol emite interage de forma diferente com cada alvo que está na terra. Nos centros urbanos há concreto, asfalto, que são alvos que absorvem essa energia e a liberam lentamente em forma de outra onda de calor, diferentemente de uma vegetação ou de um corpo de água, por exemplo - explica.
O especialista afirma que o efeito se torna cumulativo e aumenta ainda mais, à medida que as cidades vão sendo urbanizadas. Por isso, é necessário usar os dados para planejar maneiras de amenizar esses efeitos. Trabaquini aponta algumas estratégias, como aumento da cobertura vegetal, com plantio de árvores e criação de novos parques, para reduzir as temperaturas nos grandes centros urbanos.
- O planejamento de como podemos amenizar esses efeitos podem ser analisados através das imagens, como encontrar os bairros onde mais são afetados pelas altas temperaturas. Às vezes, informações que passam despercebidas aos nossos olhos, quando vistas de cima e de forma, nos trazem muitas respostas - afirma.
Planejamento e prevenção
Trabaquini conta que os dados podem ajudar a prevenir cidades menores de se desenvolverem sem planejamento, ao ponto de virarem ilhas de calor, em que a temperatura se eleve nos centros urbanos. Ao mesmo tempo, acredita que ainda é possível os municípios maiores conseguirem reverter a situação para reduzir o calor.
O pesquisador cita os casos de Florianópolis, Itajaí e Joinville, onde há vários espaços “abandonados”, que poderiam ser usados como parques urbanos. Segundo ele, o plantio de árvores e outras vegetações reduz as temperaturas da superfície e do ar, proporcionando sombra e resfriamento.
Além disso, favorecem áreas refrescantes para atividades ao ar livre, reduzindo a exposição à radiação UV prejudicial, e diminuem a necessidade de uso dos condicionadores de ar nas residências.
- Outras estratégias que podem auxiliar também é a instalação de telhados verdes, frios e principalmente refletivos, que ajudam a refletir a luz do sol e o calor para longe da casa, reduzindo a temperatura do telhado. Isso permite que a habitação fique mais fresca - complementa.
 
Mudança de modelos das cidades
O arquiteto e urbanista Christian Krambeck defende que a forma das cidades se planejarem para evitar impactos como o aumento da temperatura é a mudança no modelo de desenvolvimento. Ao longo dos últimos 50 anos, os municípios se moldaram em uma lógica totalmente voltada para os carros.
- Isso significa que o modelo mental, o planejamento, a cabeça das pessoas, o financiamento e todas as lógicas das cidades continuam voltadas e desenhadas para o carro até hoje. As pessoas foram excluídas do planejamento urbano - detalha.
Segundo o especialista, um dos impactos desse modelo é a “quantidade absurda” de vias e a horizontalização das cidades. A defesa de Krambeck é de que os municípios sejam mais compactos e densos, reduzindo a emissão de CO2 e melhorando o ecossistema. Caso contrário, as prefeituras brasileiras podem falir em poucos anos, já que não terão condições de bancar a infraestrutura para toda a cidade.
Para fugir do modelo centrado nos carros, um caminho possível é pensar no ecossistema como um todo. Krambeck sinaliza para a necessidade de investimentos na arborização urbana permanente, ampliando o número de parques e praças. Além disso, é preciso trabalhar com energia solar em prédios e casas, com incentivo do governo.
- A cidade não precisa ser uma máquina de trabalhar, ela pode ter fauna, flora e fluxos de águas, em um ecossistema equilibrado. E assim talvez consigamos baixar a temperatura de 3°C para 1°C - comenta.
O urbanista também ressalta que a mudança no modelo de pensar as cidades precisa ser encarada de forma séria, com indicadores e metas que possam ser acompanhados por governantes, autoridades e toda a população. Neste quesito, estudos como o realizado pelo pesquisador da Epagri/Ciram ajudam a embasar decisões mais assertivas e planejadas, por apresentarem dados concretos.
 
 
 
Fonte: nsc
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