O sistema é inédito no Brasil, segundo o Ciram, e a ideia dos pesquisadores é dar suporte à cadeia apícola do estado, que tem atualmente 6.146 apicultores e 294.595 colmeias, segundo a Federação das Associações de Apicultores e Meliponicultores de Santa Catarina (FAASC).
E foi a preocupação provocada por uma perda de colmeias ocorrida em 2016 que levou ao desenvolvimento do projeto-piloto de monitoramento, naquele mesmo ano. A tecnologia desenvolvida pelo Ciram envolve cinco pesquisadores, que querem entender como o clima e produtos químicos, por exemplo, podem facilitar o surgimento de pragas e doenças. Eles pretendem ainda que a plataforma seja uma ferramenta a mais aos produtores.
As estações estão presentes em apiários em localidades com características climáticas distintas entre si. As cidades são: Joinville, Mafra, São Miguel do Oeste, São Joaquim, Caçador, Araranguá, Bocaina do Sul, Santa Terezinha e Bela Vista do Toldo. Pelo menos mais um equipamento deve ser instalado até o ano que vem, segundo Blainski.
Um dos apiários com a estação fica na Secretaria de Agricultura de Joinville. O aparelho foi retirado recentemente, após três anos em funcionamento, mas deverá ser realocado, disse Ingo Weinfurter, apicultor há cerca de 20 anos e servidor público.
Serão necessários pelo menos cinco anos de dados coletados a fim de que seja feita correlação entre as mudanças climáticas e a apicultura, medindo qual o impacto na produção, em quais épocas do ano e em quais locais do estado se produz mais, informou Blainski.
O estado tem a quarta maior produção do país, com mais de 100 tipos de méis, segundo dados do governo. A safra 2017/18 foi de 5,5 mil toneladas em 315 mil colmeias, sendo 42% do produto produzido considerado orgânico.
"A produção é significativa e com potencial para aumentar. A cultura da maçã é altamente dependente das abelhas. No estado, a atividade tem papel tanto econômico quanto social e ambiental. É um complemento de renda, o apicultor tem uma atividade principal e a apicultura é complemento", disse o pesquisador.
Desde então foi montado um grupo de trabalho para tratar do assunto, com instituições do estado ligadas ao tema, como a própria secretaria, a Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina (Cidasc) e a Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri).
Ele falou ainda que a perda de colmeias considerada normal por causas naturais fica em torno de 5% a 10%, mas que há alguns anos uma síndrome denominada CCD (do inglês Colony Collapse Disorder) tem preocupado pesquisadores e produtores, porque tem causado baixas mundialmente.
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