Sexto maior produtor agrícola do país, o Rio Grande do Sul já faturou mais de R$ 43 bilhões até outubro deste ano com as lavouras. No entanto, a alta produtividade do agronegócio gaúcho esbarra na baixa conectividade do campo. De acordo com o Censo Agropecuário 2017, do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), apenas 41,1% dos estabelecimentos rurais do estado têm acesso à internet.
Esse cenário tende a mudar com a nova legislação em torno do Fust, o Fundo de Universalização de Telecomunicações, que prevê, entre outras metas, investimentos para ampliar a conectividade nas áreas rurais do País. Criado em 2000, o Fundo tinha o objetivo de garantir serviços de telefonia fixa em locais que não oferecem lucro para o investimento privado. Para especialistas, a legislação do Fust estava obsoleta e precisava de alterações.
O senador Luis Carlos Heinze (PP/RS) destaca a importância de conectar as propriedades rurais à internet. Segundo ele, com o uso de recursos do Fundo é possível elevar mais o papel de destaque do agronegócio brasileiro no cenário internacional. “Hoje as grandes plantadeiras modernas, os pulverizadores, os tratores, as próprias colheitadeiras e as retroescavadeiras são dotadas de equipamento de conectividade e não podem ser utilizadas. Essa revolução está nos EUA, Japão, nos países da Europa. Não está no Brasil. Isso estará também à disposição do agro brasileiro.”
O texto aprovado, que moderniza o Fust, prevê que os recursos do Fundo serão destinados a cobrir projetos para serviços de telecomunicações em zonas rurais ou urbanas com baixo IDH (Índice de Desenvolvimento Humano). Além disso, o Fust vai poder financiar políticas para inovação tecnológica de serviços no meio rural. O desafio é considerável, já que mais de 70% das propriedades rurais do país não possuem conexão com a internet, de acordo com o IBGE.
Lucas Rocha, gerente de Inovação da Fundação Lemann, acredita que a eficiência do agronegócio brasileiro iria crescer consideravelmente com a ampliação do acesso à internet no campo. “O Brasil é uma potência no agronegócio e a tecnologia tem viabilizado coisas muito legais, desde o uso de drones para fazer a pulverização de combatentes agrícolas, a questão de você conseguir dosar certinho a ração no tratamento da pecuária, de acompanhar e conseguir combater pragas.”
Ainda de acordo com o projeto de lei aprovado, no mínimo 18% dos recursos do Fust deverão ser aplicados, obrigatoriamente, para dotar todas as escolas públicas brasileiras, em especial as que ficam na zona rural, de acesso à internet em banda larga, até 2024. Dados do Censo Escolar 2018 apontam que mais de 39 mil escolas do ensino fundamental não tem acesso à internet.
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